1.12.21

Puritanismo Católico no Século XXI

Remediar o neopaganismo é meramente um idealismo moderno de mentalidades católicas que mão conseguem dividir o mundo com pessoas que pensam diferente, fazendo da convivência na Terra um verdadeiro escândalo ao transformarem o cristianismo em um mecanismo de exclusões e perseguições.
Retrato de um Padre
James Jacques Joseph Tissot. Retrato de um Padre.
1. Não ter uma religião professada não significa qualquer demérito. Apenas indica que não houve ainda uma oportunidade de conhecer Jesus Cristo verdadeiramente. Talvez por aversão ao cristianismo como está atualmente, repleto de cismas, motivo pelo qual nenhuma culpa poderia ser colocada nas desconfianças neopagãs. Mesmo no catolicismo os problemas de vez em quando se revelam de maneira trágica, desde os desvios sacerdotais até conflitos promovidos por leigos em nome de Deus. Francamente, nenhum neopagão tem que explicar os motivos pelos quais continuam se afastando de Nosso Senhor. Porém, também não conhecem a verdade para além desse ruído infernal, promovido de propósito por aqueles que servem ou se permitem servir a desordem pela inércia moral ou simples falta de coragem.

2. Longe de realizar um julgamento por antecipação, porém, jamais deixando passar aquilo que indubitavelmente se tornam nítido aos sentidos práticos neste plano terreno, querer executar um projeto de conversão através de abordagens que contemplam a exclusão de pessoas ou mesmo a perseguição dessas, somente por pensarem ou sentirem de maneira diferente, além de anticristã, configuram uma ausência de humanidade tremenda.

3. Sem dar nomes, pois quem viu vai entender, certa vez uma pessoa, sacerdote da Santa Igreja, veiculou uma mensagem através das mídias sociais que explicava mais ou menos o motivo pelo qual alguns questionam a saída de fiéis da religião católica. Disse que tais estão sendo meramente honestas em transparecer a falta de fé, sendo, portanto, segundo o padre, apenas uma desculpa, restando aos exitosos a saída da religião por não aceitarem sua verdade, resumidamente, concluindo disso tudo como purificação da própria Igreja Católica. Como assim? Pedro, incrédulo, exitoso, completamente baseado naquilo que sentia, talvez desconfiando do próprio Deus presente, pediu prova a Jesus Cristo, que Ele deixasse andar sobre a água assim como fizera, sendo assim permitido, embora tenha novamente se amedrontado, acabando por afundar pouco depois de andar sobre a água, assim como Nosso Senhor, aquele que o sustentava. Nisso que estava afundando, pediu o discípulo por socorro, respondendo Jesus Cristo prontamente: “homem de pouca fé, por que duvidaste?” (Mt. 14, 31). Mesmo Pedro, primeiro dentre os discípulos, duvidou. Santos(as) duvidaram de Deus, incluindo nomes como São João da Cruz, Santa Tereza D’Ávila, Santa Tereza de Lisieux. Todos esses duvidosos, retomaram o caminho e hoje são pela Santa Igreja tratados como norteadores para todos que precisam de auxílio ao encontro de Jesus Cristo. Certeza absoluta de que nenhuma dessas pessoas, quando nem santas eram, foram abandonadas em tempos de conflitos internos. Dizer que quando alguém não consegue seguir a doutrina de Nosso Senhor por faltar fé está sendo honesta o suficiente para trilhar um caminho longe da salvação, parece a conversa do sádico que manda pular do prédio o suicida ao invés de tentar salvar uma vida em sérios conflitos.
Nenhum católico se desprende do catecismo, mas não estão presos aos erros dos outros que assim não ouvem a Jesus Cristo quando são tocadas no coração.
4. Acham que quando uma pessoa abandona a Santa Igreja, esta está se purificando. Ora, que absurdo! Quando Nosso Senhor iniciou sua jornada até Jerusalém, encontrava-se junto aos impuros. Depois de ressuscitado, praticamente guiou alguns discípulos para Galileia, notadamente pagã naquela época. Muitas outras lições assim estão reveladas nos Evangelhos, bastando apenas uma leitura atenta e mínima reflexão. Significaria, portanto, interpretá-la segundo próprias convicções, criando uma igreja particular, assim como quisera Lutero? Nenhum católico se desprende do catecismo, mas não estão presos aos erros dos outros que assim não ouvem a Jesus Cristo quando são tocadas no coração. Mesmo papas, conduzindo a Santa Igreja, materialmente falando, cometeram erros graves, porém, eram sucessores do apóstolo que também duvidou de Deus ao andar sobre a água. Quer dizer que não temos uma Igreja Santa? Pensar assim, certamente, caracteriza pouca ou falta de fé. Quem compreende Deus? Ninguém! Porém, compreensível são aqueles ensinamentos deixados por Nosso Senhor, tanto expressamente, como as bem-aventuranças, assim como outras, dadas pelos exemplos. Dizer que entendem a mente de Deus seria o mesmo que afirmar perceber a onipotência, onipresença, onisciência. Afinal, sendo assim, haveria alguma razão para que o Pai enviasse o Filho? Questão que não precisa ser respondida, evidentemente.

5. Então quer dizer que quando uma pessoa, católica por excelência, vendo certos sacerdotes militarizando as missas e propagandeando doutrinas de segregação, deveriam continuar apreciando esse circo quando em verdade apraz a Nosso Senhor os bem-aventurados? Verdade seja dita: alguns pais não sabem educar seus filhos, igualmente alguns pastores não sabem conduzir suas ovelhas. Estar a postos como exemplo é o mínimo exigido daquele que precisa educar sua geração. Educação consiste em explicações constantes, repetições, mantendo sempre a conduta para evitar confusão. Quantos erros uma criança não comete até acertar? Estaria indisposta a aprender? Reprender é preciso, porém, através do amor. Desistir, jamais! Qual pai não vibra ao ver seu filho acertando? Tente você aprender algo novo sendo perfeito na primeira tentativa. Talvez consiga, sendo algo banal como rodar um pião. Agora tente a perfeição sendo católico e tendo que ouvir que sua derrota é a purificação da Santa Igreja. Dizem ainda que isso seria apenas uma maneira de expressar que lobos em peles de cordeiros estão deixando de se denominarem católicos, permitindo que apenas os fiéis exemplares continuem em proveito da melhor imagem. Certo querer que todos sejam exemplos de Jesus Cristo na Terra, mas não segregando! Muita calma nessa hora! Dizem que prezar por uma Igreja Católica com pessoas que estão com problemas para compreender a doutrina é amenizar a implicância da fé, porém, voltemos aos misericordiosos, aqueles que receberão a misericórdia. Padres, desculpem qualquer ofensa, pois não terá tal intuito, mas não use sua batina como estandarte de guerra ou cavalete de propaganda, pois, além de desconfigurarem a ordem, acabam incentivando o caos.
Pensar que Constantino XI Paleólogo combateu os muçulmanos a troco de um futuro em que os próprios padres seriam aqueles que abririam os portões para passarem os inimigos.
6. Como se não bastasse, outro sacerdote, daqueles que vão aos programas de apresentadoras lascivas e convidados imorais, trajando roupas comuns para disfarçarem a ordenação recebida, quem sabe para amenizar a presença da Santa Igreja, uma vez que poderia ofender os telespectadores por evidenciar sua serventia para Deus, também anda expulsando os católicos da fé, criando outra forma de puritanismo. Pensar que Constantino XI Paleólogo combateu os muçulmanos a troco de um futuro em que os próprios padres seriam aqueles que abririam os portões para passarem os inimigos. Quanta ironia!

7. Joseph Ratzinger, talvez o melhor teólogo desses últimos tempos, enquanto Papa Bento XVI, lutou contra as próprias imposições eclesiais no intuito de salvar os membros em pecado da Fraternidade Sacerdotal São Pio XI - FSSPX. Estava apenas exercendo o ofício atribuído por Jesus Cristo. Porém, aquelas sementes plantadas também pelos lefebvristas renderam algo ruim, conforme colocado na postagem Bispo Sedevacantista no Brasil? Vale dizer que Dom Marcel Lefebvre morreu excomungado, embora os membros da FSSPX tenham recebido perdão papal, apesar de incorrerem contra a Santa Igreja logo depois, deixando claro a pretensão de certos sacerdotes em criarem catolicismos em apartado da doutrina, resultando em verdadeiros paradoxos. Somente a título de curiosidade, atualmente a FSSPX está mais próxima da Santa Igreja, que por seu sumo pontífice, através da Congregação para Doutrina na Fé, também está sendo acolhida para melhor prover os fiéis dali, incluindo suas necessidades espirituais, restando poucos conflitos doutrinais em vias de resolução. Porém, ainda existem aqueles que acreditam na purificação.

8. Ideias de pureza são tão parecidas com certas mentalidades advindas no ápice do pensamento germânico em benefício da supremacia racial, que não duvidaria que compactuassem em condenar os fraquejados, impuros por assim dizerem, arderem no crema eterno. Logicamente que tal vontade não poderia jamais surgir de um sacerdote, embora também não pareça ter empenho para evitar essa condenação. Pastorear o rebanho é penoso! Ovelhas se desgarram, escondem-se, porém, através das habilidades dos pastores, sempre retornam, voltam a aparecer. Contudo, podemos condenar aqueles que não exercem o melhor empenho enquanto sacerdotes? Poderíamos desejar exatamente o mesmo para eles, ou seja, permitindo que por uma conduta equivocada deixem de prestar serviços à Santa Igreja? Evidentemente que não aderimos as penas de talião. Nossa gente adere a doutrina de Jesus Cristo, reveladas no capítulo seis, versículo vinte e nove, do testamento de São Lucas:
Ao que te ferir numa face, oferece-lhe também a outra. E ao que te tirar a capa, não impeçais de levar também a túnica.
9. Nossa Igreja, fundada por Nosso Senhor, chama-se Católica, Universal, própria para todos, mesmo os incrédulos. Afinal de contas, joguemos os santos que foram pagãos na lata do lixo? Jesus Cristo não possui o poder de converter os corações? Façamos o trabalho terreno para que Ele faça valer o ofício celeste. Insistir na palavra e persistir no exemplo. Através desta breve fórmula, aquele que não quiser continuar na Santa Igreja, continuará recebendo as orações por todos. Oramos por nossos amigos, mas aos nossos inimigos, quem sabe, talvez em primeiro lugar. Caso esta doutrina pareça pesada, certamente será quando deixarmos de ajudar uns aos outros. Sorte podermos mudar de paróquia, pois nenhum católico deve reverência aos sacerdotes, como se discípulo e mestre mantivessem uma relação. Mestre, apenas um: Jesus Cristo, sumo sacerdote da Santa Igreja. Somente para Ele devemos prestar contas. Bom que possamos ter uma pessoa para confessar nossos pecados, mas não sentir segurança ao realizar confissões sobre fraquejo na fé ao ordenado, justamente pelas condutas desses em defesa do puritanismo, coloca-nos em meditação urgente. Certa vez Dom Henrique Soares disse ao protestante que não deveria se converter a Santa Igreja por ter receio do novo pastor onde ouvia o culto, pois quando surgisse um padre que lhe colocasse medo pior, segundo suas convicções, voltaria a protestar. Observe a diferença no esclarecimento! Estava protegendo a Igreja Católica de um espião evangélico? Imagina! Pensar assim é loucura. Dom Henrique Soares não fez absolutamente nada de novo para garantir apenas a integridade do próprio ser humano ali presente. Afastou-o? Jamais. Apenas revelou a verdade: Nossa Igreja não está resumida ao homem, quem pode mudar de discurso ou maneira de dizer através do tempo; está baseada na palavra eterna. Quem sabe aquele protestante não foi convertido depois? Cabe a quem julgar a impureza de um quando o impedimos de se purificar? Nossas palavras precisam ser voltadas ao acolhimento; jamais ao afastamento. Fazer exatamente aquilo que Jesus Cristo deixou como doutrina ao invés de inventar caraminholas. Alguém que ser protestante? Tudo certo, mas não deixarei isso acontecer sem antes insistir na palavra e persistir no exemplo. Simples! Quantas mães desesperadas por verem seus filhos sendo derrotados pelos vícios simplesmente resolver amarrá-los em camas, numa ação drástica de preservarem aquilo que tanto amam? Será que tais padres amam mesmo suas ovelhas? Sendo o descaminho do protestantismo considerado uma droga, amarrem suas ovelhas e deixem de besteira. Queria um Enquirído longe de encrencas, porém, receito desagradar por considerar a mensagem de Deus mais valiosa do que um pensamento troncho de um padre.
    Para referenciar esta postagem:
ROCHA, Pedro. Puritanismo Católico no Século XXI. Enquirídio. Maceió, 01 dez. 2021. Disponível em https://www.enquiridio.org/2021/12/puritanismo-catolico-no-seculo-xxi.html.

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